Morango do Ribatejo: Distingue-se pelo sabor, cheiro e consistência do fruto

 Embora seja um fruto mais associado às estações da Primavera e do Verão, hoje em dia o morango já é produzido praticamente todo o ano, com recurso a variedades e sistemas de produção mais inovadores. O Ribatejo não é excepção e os associados da Hortopaço-Cooperativa Agrícola de Comercialização Hortofrutícola - hoje produzem morango durante uma boa parte do ano, sobretudo com as variedades “Camarosa” e “Albion”.

Quase todos concentrados no lugar de Paço dos Negros, na freguesia de Fazendas de Almeirim os cerca de 20 produtores dominam perfeitamente a cultura que se apresenta cara e exigente, daí que obrigue a um acompanhamento permanente para garantir uma boa produção, conforme nos garante o gerente da Hortopaço, Agostinho Fernandes.

 

Já há protótipo para colheita mecânica

Feita em pequenas áreas a cultura do morango é toda preparada mecanicamente mas tanto a plantação como a colheita são manuais, no caso da última operação porque se trata de um fruto extremamente sensível para o qual ainda não existem máquinas “perfeitas”, embora o nosso interlocutor avance que ainda recentemente foi apresentado um protótipo numa Feira em Espanha com esse objectivo. Em seu entender seria uma inovação muito bem-vinda já que a dificuldade em conseguir mão-de-obra tem sido crescente.

Uma vez apanhado o morango é imediatamente colocado em caixas de cinco quilos (granel) destinadas aos mercados tradicionais, em caixas de dois quilos (granel), destinadas à grande distribuição (cash and carry) e finalmente em caixas de 500 gr para as grandes superfícies. Para aperfeiçoar estas embalagens mais pequenas a Cooperativa adquiriu uma máquina de flow-pack que vai substituir o trabalho manual de colocar as tampas nas caixas que são assim revestidas com uma película plástica.

Máquina de flow pack vem agilizar o embalamento 

Falando sobre a cultura propriamente dita, Agostinho Fernandes acredita que irá ser um bom ano agrícola, pelo menos todos os indicadores apontam nesse sentido. Já a expectativa em relação à comercialização é diferente, face à conjuntura desfavorável em termos de consumo e de disponibilidade financeira das famílias. Depois, há ainda a incógnita da produção espanhola que influencia sempre o mercado nacional.

É desejo da Hortopaço aumentar a área de produção mas trata-se de uma situação sempre dependente da rentabilidade.

Tem-se procurado captar novos produtores e aumentar as áreas, mas esbarra-se sempre na dificuldade de conseguir mão-de-obra na altura da colheita. Além disso os actuais produtores de morango ligados a esta Cooperativa também trabalham com outras culturas para as quais também precisam de trabalhadores, daí que “aumentar só com mais produtores”.

No actual cenário, Agostinho Fernandes admite que “alguma coisa vai ter de mudar, até porque os bens alimentares não vão deixar de ser produzidos e consumidos. Por outro lado, deveria haver mais protecção dos produtos nacionais porque enquanto cá para produzir é necessário respeitar inúmeras regras, nem sempre acontece o mesmo com os produtos que importamos”.