Grau de autossuficiência aumenta mas o setor frutícola continua a apresentar fragilidades

edição novembro 2014
 

É de consenso geral a existência em Portugal de recursos naturais e de condições únicas para a produção de fruta que têm permitido aumentar o nosso grau de autossuficiência e, simultaneamente, conquistar com sustentabilidade, posições mais competitivas nos mercados internacionais. Os últimos dados do ProDeR 2010- 2013, mostram que a Fruticultura é a principal atividade produtiva em termos de medidas de apoio ao investimento, com mais de ¼ de aprovações (4 250 projetos) e a segunda relativamente ao investimento apoiado (563 milhões de euros). O reforço da concentração da oferta e o empenho demonstrado pelas diversas organizações de produtores no aconselhamento técnico à produção e à criação de estruturas de apoio e de comercialização, criando novas dinâmicas e potencialidades, têm tido um papel importante no desenvolvimento de toda a cadeia de produção, desde a matéria-prima ao consumidor final.

Contudo e no contexto geral, continuamos a ser deficitários em fruta e apresentar fragilidades no setor. Com efeito, a falta de orientações políticas e de planos estratégicos para as diferentes fileiras que enquadrem os novos investidores, a insuficiente organização da produção sem estratégias de competitividade, a frágil sustentabilidade financeira das explorações, a deficiente modernização do setor e capacidade de inovação, as difíceis condições de acesso aos mercados e a reduzida procura de conhecimento pelos diferentes agentes da fileira, são dificuldades e ameaças que importa superar com determinação, para que o setor da fruticultura se possa afirmar como setor estratégico e continuar a dar o seu importante contributo no equilíbrio do saldo da balança comercial portuguesa.

Os novos desafios que hoje se colocam à fruticultura - num mundo sem fronteiras - obrigam à criação de estruturas produtivas mais eficientes, assentes numa gestão sustentável dos recursos sempre apoiadas em novas tecnologias e conhecimento. A produção segura de fruta, ajustada aos gostos e exigências do consumidor, com efeitos benéficos na saúde e que não comprometa o equilíbrio do ecossistema da exploração frutícola e dos ecossistemas envolventes, são imposições de uma sociedade em constante  mudança e pressupostos que devem sempre orientar as decisões de um fruticultor.

É neste contexto e em nome da Comissão Organizadora que tenho o prazer de convidar à participação no 3º Simpósio Nacional de Fruticultura, que se realizará em Vila Real, a 4 e 5 de dezembro de 2014. A parceria entre a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Associação Portuguesa de Horticultura, o Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas e o Centro Operativo e Tecnológico de Hortofrutícola Nacional garante uma experiência rica para todos os participantes. É um programa muito preenchido, com uma oferta diversificada de novos estudos, práticas e experiências que cobrem toda a fileira, desde a instalação do pomar até ao consumidor. Vai ser um ponto de encontro de partilha de experiências, de exposição de diferentes pontos de vista e o compromisso de todos trabalharmos em conjunto em prol do aumento da competitividade da fileira. [Artigo completo na edição impressa + ]

 

Autoria: Ana Paula Silva

Presidente da Comissão Organizadora do III Simpósio Nacional de Fruticultura