Software avançado identifica variedades de videira a partir de imagem

06-12-2013

O Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) acaba de apresentar um método que identifica e classifica variedades de videira, com recurso a uma imagem hiperespectral da folha da planta.

“É um processo simples e automático: através de uma câmara hiperespectral, que mede vários comprimentos de onda, captamos o espectro da planta e passamos essa informação para o software, que converte os dados utilizando métodos matemáticos avançados e permite identificar variedades de videira”, explica o investigador Pedro Melo-Pinto.

A imagem captada fornece mais informação do que uma fotografia normal. “Em vez de vermos três comprimentos de onda, (verde, azul e vermelho,) vemos mil bandas de comprimentos de onda, o que nos oferece, além de mais dados, mais precisão e rigor”, acrescenta.

As três variedades de videira que podem ser identificadas graças a este novo método, desenvolvido em colaboração com a Universidade de La Rioja (Espanha), são a Tempranillo, a Grenache e a Cabernet Sauvignon, todas pertencentes à espécie Vitis vinifera L. A Tempranillo e a Grenache são variedades importantes em La Rioja e a Cabernet Sauvignon só pode ser utilizada em casos especiais, na região espanhola.

“A Vitis vinifera L. existe em todo o mundo e o cultivo, o potencial de qualidade de vinho e o preço pago dependem da variedade. Daí que registamos um interesse crescente no rigor da identificação das variedades da videira. Seja para assegurar a autenticidade de plantas compradas, para identificar variedades proibidas em algumas áreas do globo, para estimar o número de exemplares de determinada variedade plantados, ou para ajudar a estabelecer os preços da uva, de acordo com a disponibilidade de cada variedade nas diversas regiões vinícolas”, esclarece Pedro Melo-Pinto.

Atualmente, existem três técnicas de identificação de variedades de videira: ampelografia, processos químicos baseados em isoenzimas e análises de ADN. Todas exigem que os ensaios sejam realizados por profissionais com muita experiência que, além de demorados, não permitem uma identificação rápida de um grande número de exemplares. São também, por todas estas razões, técnicas caras.

O CITAB tem como objetivo continuar a desenvolver a pesquisa, de modo a que as diferentes variedades identificadas com este sistema aumentem, para proporcionar à indústria vinícola (vitivinicultores, produtores, viveiros, consumidores, etc.) uma ferramenta rápida, automática, amiga do ambiente, precisa e mais barata por medição do que as técnicas disponíveis até aqui.

No futuro, os investigadores do centro envolvidos no projeto, Pedro Melo-Pinto e Armando Fernandes, esperam ainda que o método possa vir a expandir-se a outras áreas agrícolas, numa tendência crescente de técnicas mais simples e mais próximas dos utilizadores e com características mais vantajosas do que as metodologias atuais dos laboratórios.