Realçado grau de organização, inovação e exportação
Ministro da Economia visitou a Coopval
O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, esteve no passado dia 20 de janeiro no Cadaval, no âmbito de uma visita a empresas exportadoras do setor agroalimentar. A Coopval – Cooperativa Frutícola dos Agricultores do Cadaval foi uma das três estruturas visitadas na região, tendo o seu elevado grau de organização, inovação e exportação sido destacado pelo governante.
Na apresentação que antecedeu a visita às instalações da organização de produtores, Pedro Silva, presidente da Coopval, realçou que era a primeira vez que um ministro da Economia visitava o setor, o que, como notou, poderá indiciar que «o governo olha para a nossa atividade e para este setor como um parceiro importante da Economia do país».
Álvaro Pereira confirmou a importância do ramo agroalimentar, referindo-se em particular à Pera Rocha, afirmando tratar-se de «um setor que é um exemplo para quem se quer internacionalizar e exportar mais». Como revelou o ministro, «Há uns anos atrás, quando eu vivia na Inglaterra, só habitualmente se via dois produtos portugueses, o Vinho do Porto e a Pera Rocha.»
Pedro Silva sublinhou que, não obstante a exportação continuar a ser o principal mercado da Pera Rocha, a organização continua a ter problemas em entrar no mercado dos Estados Unidos, devido a alegadas barreiras alfandegárias difíceis de desbloquear e, como explica, «os Estados Unidos, apesar de serem também produtores, temos lá uma grande colónia de emigrantes onde seria fácil colocar a pera, não fosse essa dificuldade.»
O presidente da Câmara Municipal do Cadaval, Aristides Sécio, reforçou também a necessidade de intervenção do governo no apoio à exportação para os Estados Unidos, já que, como defendeu, «Portugal exporta peixe, vinho, faltando apenas um trabalho para que os produtos hortofrutícolas possam também ser reconhecidos, e isso é um processo que Espanha já tratou.»
Pedro Silva citou o exemplo da Bélgica que, como revelou, «tinha, há meia dúzia de anos, 50 mil toneladas de peras. Neste momento com 300 mil toneladas, procura ter protocolos com a Rússia, e este ano assinou um protocolo com a China para lá colocar as peras, tratando-se também de um país pequeno», realçou o dirigente da Coopval.
O mesmo responsável adiantou que Marrocos é um dos novos mercados de Pera Rocha, por ter sido assolado por uma bactéria que dizimou a quase totalidade dos pomares de pereiras. No entanto, como refere, «a taxa alfandegária que eles pagam para importar a pera portuguesa é muito maior do que a dos produtos que importam de Espanha.»
O Brasil é um mercado muito importante e em crescimento, ao passo que o Canadá constitui um mercado com que a Coopval trabalha há muitos anos. A Rússia é, por seu turno, um mercado com algum potencial, embora, segundo Pedro Silva, lide com a forte concorrência de países do norte europeu, como a Bélgica e a Holanda.
Dentro da Europa Comunitária, a Inglaterra é o mercado principal da cooperativa, sendo que a Irlanda, por seu turno, é um mercado onde o consumo per capita é maior. A França é já um antigo importador de Pera Rocha, exportando-se ainda para países como a Alemanha, Holanda, Polónia, Suíça, entre outros.
No final da visita, o ministro reconheceu que «o futuro do país passa pela exportação e pelo setor exportador», acrescentando que «o setor agroalimentar é um dos que tem crescido mais nos últimos anos, sobretudo ao nível das exportações, havendo ainda um potencial muito grande e margem para crescer ainda mais. E obviamente o que se passa neste concelho é importante e um bom exemplo do que se pode fazer noutras partes do país.»
Sobre a organização de produtores visitada, Álvaro Pereira afirmou tratar-se de «uma unidade muito moderna, muitíssimo virada para a exportação, e impressionou-me o grau de organização e de inovação ao nível de câmaras frigoríficas».
Ainda durante o encontro, o governante referiu a sua disponibilidade para tentar apoiar a resolução dos constrangimentos que o setor encontra, nomeadamente ao nível da exportação.
Estratégia assente na exportação de Pera Rocha
A região Oeste é, por excelência, a região da Pera Rocha. O Cadaval é não raras vezes designado de “Solar da Pera Rocha” «por ser o concelho que, neste momento, concentra maior produção de Pera Rocha e onde estão algumas das maiores organizações de produtores», revela Pedro Silva.
A Coopval foi fundada em 1969 por 15 produtores, que produziam, na altura, mais maçãs do que peras, até porque tempos houve em que a produção concelhia assentava essencialmente na produção de uvas para vinho. «Hoje somos 357 produtores (já fomos mais) e estamos a produzir 23 mil toneladas de peras e 1 700 toneladas de maçãs.»
A organização conta com 31 funcionários efetivos, possuindo cerca de 150 a 180 colaboradores eventuais, que laboram – dependendo das campanhas – desde agosto até abril a junho. Neste âmbito, Aristides Sécio sublinhou, ao ministro, a importância do trabalho sazonal em termos da empregabilidade concelhia.
O apoio técnico ao associado é uma das primeiras funções, a par da embalagem e da vertente comercial. «Paralelamente», refere o responsável da Coopval, «temos os combustíveis, que inicialmente eram só para os associados mas que depois transformámos num posto público de abastecimento.»
Os 357 produtores associados da Coopval produzem um total de 810 hectares em 2100 parcelas, o que, como explica o dirigente, «tem um custo acrescido de produção porque o ideal era que cada um só tivesse uma parcela, ou maior ou mais pequena, mas que fosse só uma, mas infelizmente esta é uma zona muito repartida».
Tendo quadruplicado a produção nos últimos 12 anos, a central fruteira sentiu necessidade de construir câmaras frigoríficas, «a maior parte de atmosfera controlada, que é a tecnologia que mais se usa hoje para podermos prolongar a fruta o mais tempo possível em boas condições», esclareceu Pedro Silva.
Com uma capacidade frigorífica de 21 mil toneladas, a fruteira teve, ainda assim, de recorrer ao aluguer de 4 500 toneladas de frio, este ano.
O investimento total bruto da Coopval orça em cerca de 19 milhões de euros, cifrando-se o seu volume de vendas, por seu turno, em cerca de 13,5 milhões.
A Pera Rocha é, sem dúvida, o seu principal produto, representando 91 por cento da produção da organização. Os restantes 9 por cento referem-se a uma variedade de fruta precoce, a maçã Royal Gala, também exportada para Inglaterra.
A exportação continua a ser a grande estratégia da cooperativa, sendo 89 por cento da Pera Rocha vendida no mercado externo e apenas 11 por cento no interno, onde se inclui o mercado abastecedor do Porto e grandes superfícies.