I Simpósio Nacional do Castanheiro “Espécie a defender”
A Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP) e a Câmara Municipal de Trancoso (CMT), organizam em 11 e 12 de Novembro o I Simpósio Nacional do Castanheiro "Espécie a defender", numa iniciativa onde é debatida e analisada a importância desta produção tão intrinsecamente ligada à vida social, cultural, agrária e económica do concelho de Trancoso, particularmente.
O presidente da Câmara Municipal de Trancoso, Júlio Sarmente, sublinha que esta abordagem, sob uma forma plurifacetada sobre esta produção, reveste-se de grande importância tendo em conta não só o peso económico do castanheiro e da castanha na economia mas também numa perspectiva cultural associada às tradições e práticas rurais mas também a área Ambiental tendo em conta o elevado índice de destruição da espécie principalmente devido aos incêndios florestais, abandono do mundo rural e despovoamento das zonas rurais".
No caso do concelho de Trancoso, Júlio Sarmento afirma que "tradicionalmente é uma região de referência na produção de castanha e madeira de castanheiro, marcando fortemente os hábitos das populações nesta época do ano". Recorda que no passado a castanha " era a base da alimentação das populações rurais.
O Simpósio decorre no Auditório do Convento de São Francisco /Teatro Municipal de Trancoso. Participam produtores, técnicos, especialistas, investigadores, comunidade escolar e autarcas.
O castanheiro é uma espécie de grande importância económica que apresenta a dupla função de produção de fruto e madeira (soutos e castinçais), ocupando no Interior Norte e Centro do país mais de 30.000 hectares. Portugal detém o 3º lugar como produtor europeu de castanha, com uma produção média anual de cerca de 30.000 toneladas.
Nos últimos anos, produtores e técnicos têm sido confrontados com o declínio dos soutos, quer por morte do castanheiro mercê de varias doenças designadamente a "tinta", quer pela debilitação da planta e ainda os incêndios florestais mas também o abandono do mundo rural e despovoamento das regiões produtoras no interior.
Técnicas culturais menos adequadas poderão estar na origem da actual e preocupante fragilidade do castanheiro. Esta tem-se reflectido em baixas produções, na crescente expansão de doenças e na morte de plantas.
Que variedades e que porta-enxertos devem ser usados? Quais as técnicas culturais a adoptar para promover o desenvolvimento de castanheiros sãos e vigorosos? Que estratégias devem ser adoptadas no controlo das pragas e doenças que o atingem?
Dar resposta a estes desafios e à crescente preocupação e interesse na cultura, torna necessária e oportuna a realização deste simpósio que contou desde o início com o apoio e empenhamento da Câmara Municipal de Trancoso.
Com este evento a Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP) pretende transferir para os agentes desta fileira o conhecimento científico existente, de modo a contribuir para a valorização e sustentabilidade deste sistema agro-florestal com enorme potencial de crescimento no futuro.
O concelho de Trancoso insere-se na Zona de Produção de Castanha dos "Soutos da Lapa –DOP/Denominação de Origem Protegida" onde pugnam as variedades de Martaínha (cor castanha-clara) e a Longal (cor castanha-avermelhada e estrias longitudinais escuras). A área geográfica delimitada de produção consta do Despacho 37/94, de 18-01, que também reconheceu a Denominação de Origem.
A Associação Comercial e Industrial de Lamego e Vale do Douro foi reconhecida como Organismo Privado de Controlo e Certificação pelo Aviso do DR n.º 29/94, de 04-02. A Denominação de Origem foi registada e protegida pelo Regulamento (CE) n.º 1107/96, de 12-06.
Organismo de Controlo e Certificação: BEIRA TRADIÇÃO - Certificação de Produtos da Beira, Lda.
Na região dos "Soutos da Lapa" existem 2745 produtores estimando-se a produção anual de 1.860 toneladas de castanha. A área geográfica de produção está circunscrita a algumas freguesias dos concelhos de Armamar, Tarouca, Tabuaço, São João da Pesqueira, Moimenta da Beira, Sernancelhe, Penedono, Lamego, Aguiar da Beira e Trancoso.