O que é que a agricultura portuguesa tem a ver com Quioto?

Se pensarmos bem a resposta a esta questão não é assim tão difícil. Ora, em Portugal criou-se o Fundo Português de Carbono em 2006 com objectivo de contribuir, de forma suplementar, para o cumprimento nacional do protocolo de Quioto. Este, por sua vez, é um tratado internacional com compromissos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito de estufa.

O contributo da actividade agrícola para estes objectivos é a essência do Projecto Terraprima – Fundo Português de Carbono que remunera os agricultores pela prestação do serviço ambiental de sequestro de carbono através de Pastagens Permanentes Biodiversas Ricas em Leguminosas.

Alguns resultados da primeira fase deste Projecto foram recentemente apresentados no Alentejo num Dia de Campo que, para além de agricultores e entidades envolvidas no projecto, teve também a presença do Ministro da Agricultura, António Serrano.

Para o governante este projecto é a demonstração da abertura do agricultor português à inovação, para além de ser também uma prova para a restante sociedade de que são legítimas as ajudas da União Europeia à agricultura porque, para além do importante serviço que é produzir alimentos, presta outros indispensáveis à sociedade. E é aqui que entra o conceito de greening – o contributo do agricultor para a preservação da paisagem e recuperação dos solos e que tem de ser pago.

António Serrano não deixou passar a oportunidade para enaltecer o facto deste ser um projecto pioneiro não em Portugal mas no mundo, ideia partilhada e sustentada também por Tiago Domingos, coordenador da Terraprima que vai mais longe e define este como o primeiro caso de aplicação de engenharia da biodiversidade, significando isso usar uma grande variedade de espécies para se obter um sistema mais produtivo.

 

 

A Terraprima foi vencedora do concurso público aberto pelo Fundo Português de Carbono para submissão de projectos com potencial de redução de carbono.

Enquanto gestora do projecto estabeleceu com a EDP um contrato para remuneração pela fixação de carbono em pastagens biodiversas.

Estas pastagens, devido à sua sua maior produtividade, levam a aumentos significativos de matéria - orgânica no solo, sendo esta composta em 58% por carbono. Quanto mais carbono retivermos no solo mais dióxido de carbono retiramos da atmosfera contribuído para a redução do efeito estufa.