Lageosa - Técnico de Produção Agrária de novo na Ribalta

Porquê estudar na Lageosa? Foi esta a primeira questão que colocámos ao director e subdirector da Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa e as respostas não se fizeram esperar. Desde logo porque se trata de uma instituição inserida numa região fortemente agrícola (entre Covilhã e Belmonte) onde facilmente os alunos podem contactar com diferentes realidades da actividade. Mas também pelas condições de que a Escola dispõe, estando neste momento perfeitamente preparada para formar os verdadeiros técnicos que a agricultura portuguesa precisa. E isso, diz o director, Joaquim Pereira, são agricultores com visão empresarial e que saibam fazer a gestão entre qualidade e sustentabilidade, defende por sua vez o subdirector, Agostinho Ferreira. Aliás, em seu entender, estamos hoje a pagar o preço de uma desvalorização da ruralidade que foi crescendo ao longo das últimas décadas, uma situação a inverter rapidamente e para a qual os jovens aqui formados podem dar um forte contributo, mostrando à restante sociedade que no Interior também à cultura, saber e qualidade de vida.

A esses alunos quando chegam à Lageosa é-lhes transmitida uma primeira lição que há-de acompanhá-los o resto da vida, ou seja, têm de manter-se numa aprendizagem constante porque aquilo que hoje é verdade absoluta, amanhã já não é válido. Outra lição fundamental é que saibam procurar nichos de mercado para colocar os seus produtos.

A Escola está expectante quanto à abertura no próximo ano lectivo de uma nova turma do curso de Técnico de Produção Agrária, sabendo-se à partida que irá funcionar no sentido de dar a Portugal e à região os técnicos de que a agricultura realmente necessita e que podem dar um forte contributo para fazer sair o nosso país da actual situação em que vive.

Serão jovens com uma forte consciência do mercado mas para que esta empreitada dê bons frutos é também imprescindível que o consumidor se preocupe mais em consumir o que é de origem nacional.

Em termos de projectos mais concretos a nível de estruturas, o investimento da Escola no curso TPA obrigará também à construção de uma estufa para que os alunos possam aí desenvolver algumas competências que contribuam para que mais tarde venham a ser bons profissionais.

 É com o mesmo objectivo que será adquirido um novo tractor onde os alunos poderão aprofundar conhecimentos sobre mecanização.

 

Finalmente o número de alunos estabilizou

Dado que a Escola estabilizou o seu número de formandos em cerca de 120 necessita de fazer ligeiros ajustes em termos estruturais, tendo já submetido um projecto à Direcção Regional de Educação do Centro que prevê a construção de cinco a seis novas salas de aulas que irão substituir definitivamente os actuais pré-fabricados. Neste mesmo projecto está estipulada a construção de um refeitório, que permitiria diminuir alguns custos pois com uma cozinha própria poderiam aproveitar-se algumas das produções da Quinta, bem como um espaço específico para as aulas de educação física.

Outro desejo que Joaquim Pereira não esconde é o de ver concluído o Complexo da Casa de Turismo Rural e Forno onde já foram gastos muitos euros e agora faltam apenas pequenos acabamentos para poder receber visitantes. Além disso servirá de tubo de ensaio para os alunos do curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural.

É de referir ainda que, embora a Escola mantenha excelentes relações com vários países dos PALOP, de onde todos os anos recebe alunos e estabelece diferentes protocolos, o número de formandos dessas origens tem diminuído, em função de um crescimento de jovens portugueses.

 

Parcerias fazem os alunos crescer

As parcerias são uma veia fundamental no funcionamento desde estabelecimento de ensino que permite a integração dos alunos no mercado de trabalho, a experimentação em parceria com agentes locais, obter vivências em condições reais de contexto de trabalho, mas também complementar os conhecimentos com visitas de estudo, como aconteceu já este ano numa visita feita pelos alunos à Feira Agrícola de Paris, onde puderam ver os vários tipos de agricultura que se praticam à escala mundial.

 

Pronta para três novas turmas

Para o ano lectivo 2011/2012 a Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa está apta a abrir três novas turmas nos Cursos Profissionais, com o director a manifestar-se confiante de que pelos menos duas delas abrirão, mais uma dos Cursos de Educação e Formação.

Tal como aconteceu em anos anteriores , em termos de apoio educativo os alunos têm direito a subsídio de refeição e transporte, alojamento em residência de estudantes, bolsa de material de estudo, apoio na instalação de jovens empresários agrícolas e ainda remuneração e formação em contexto de trabalho.

 

 

 

Gincana promove actividade Equestre 

Tendo como base o Projecto Educativo da Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa, realizou-se recentemente a 1ª Gincana Equestre. Tal evento inseriu-se na vocação institucional de abertura ao meio e rampa de lançamento do curso CEF “Tratamento e Desbaste de Equinos”. Assim o evento englobou duas partes distintas: no período da manhã decorreu uma palestra onde vários especialistas abordaram temas relacionados com a actividade equestre, desde aspectos inerentes à sanidade e bem-estar do cavalo à importância económica do turismo equestre; no período da tarde decorreu a parte da gincana, a qual foi concebida segundo o modelo da Equitação de Trabalho.

Procurou-se, desta forma, incentivar a divulgação desta actividade, promovendo-se a melhoria das prestações em todos os seus domínios. De salientar que o turismo equestre e outras actividades afins, constituem mais um patamar do desenvolvimento regional encontrando na Beira Interior condições óptimas para a sua implantação.Na prova contra-relógio realizada ficou em primeiro lugar o senhor José Nunes Mourão montando Gringo, em segundo lugar, o engº Ricardo Lopes com Nureyev e, em terceiro lugar, o sr José Augusto com Princesa.

 

 

 

 
A opinião dos ex-alunos

 

Christophe Maricoto, Ivo Carvalho e Ricardo Lopes têm em comum uma ligação e uma paixão à terra e o facto de terem estudado na Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa. Em áreas bem diferentes – horticultura, floricultura e equinicultura - reconhecem ter recebido e reforçado na Escola os ensinamentos necessários para dar o passo e avançar.

 

Os pais de Crispohe Maricoto sempre trabalharam na agricultura, por isso era uma actividade que não lhe reservava grandes segredos. Ainda assim resolveu solidificar conhecimentos antes de se instalar como jovem agricultor em 2003. Com cerca de dois mil metros quadrados de estufas produz uma infindável lista de hortícolas com que abastece os mercados locais da Covilhã.

Para o ex-aluno da Lageosa, a agricultura ainda tem muito para dar e podia muito bem ser opção para mais jovens. Reconhece no entanto que há muitas dificuldades e aponta o dedo às grandes superfícies que têm feito fechar muitos pequenos comércios onde é mais fácil a uma pequena exploração agrícola como a sua fazer chegar os produtos. Mas isto não o faz esmorecer e na sua cabeça germina já a ideia de vir a produzir morango em hidroponia, com todas as vantagens que este sistema produtivo reserva. É só uma questão dos tempos melhorarem!.

 

A história de Ivo Carvalho não é muito diferente, todavia optou por uma área arrojada para a região, a floricultura. Hoje vende para revendedores nacionais e se tudo correr bem dentro de poucos anos a área será para aumentar e produzir rosas, que ainda não fazem parte do portefólio.

Mas o responsável pela Serraflor lamenta que a floricultura esteja de fora do que é considerado actividade agrícola e a comercialização da flor seja taxada a 23%. Ora, não sendo um bem essencial, tem-se ressentido e muito da actual conjuntura nacional. Um pouco de forma complementar são cultivados dois ou três hectares de hortícolas.

Sobre a sua passagem pela Lageosa admite que foi onde recebeu muitas bases mas reconhece que cada jovem aluno tem de descobrir o seu próprio caminho, porque isso não há escola nenhuma que lho ensine.

A exploração fica em Belmonte.

 

Embora tenha frequentado o curso de Técnico Agro-florestal, a grande paixão de Ricardo Lopes sempre foram os cavalos. Começou a montar ainda em criança e mais tarde o seu professor de equitação havia de ser também professor da Escola da Lageosa. Na hora de tomar a decisão não houve dúvidas, até porque lá também havia cavalos.

Há três anos criou o seu próprio projecto, em Terlamonte (Belmonte) onde dispõe de uma estrutura equipada com estábulos para receber cavalos com todas as comodidades. O proprietário pode simplesmente ali deixar o seu animal para ser tratado ou então até pode ser treinado conforme a função a que se destina.

Para já na Quinta da Bela Vista ainda não há aulas para o público mas é um projecto que mais cedo ou mais tarde Ricardo Lopes quer implantar.