Já sai azeite do Lagar do Marmelo
Propriedade da Nutrinveste SGPS, o Grupo Sovena assume-se como sendo líder em Portugal nos mercados de azeite, óleos vegetais e sabões, tendo marcas de grande relevância em todos eles. Aliás, se Sovena até pode ser um nome desconhecido para o grande público, marcas como “Oliveira da Serra”, “Fula, ou “Vêgê”, já não são de certeza.
Desde final dos anos 90 o Grupo Sovena tem apostado fortemente no sector do azeite, apresentando aí um crescimento significativo, que lhe permite agora posicionar-se em segundo lugar em termos mundiais.
Além de Portugal, está fisicamente presente em Espanha, mais concretamente em Sevilha, nos Estados Unidos (Nova Iorque) com uma unidade industrial de embalamento, na Tunísia e em Marrocos, dispondo ainda de escritórios comerciais em Angola e no Brasil.
Hoje o Grupo Sovena exporta para mais de 70 países, representando a exportação em cerca de 70% do seu volume de negócios. O Grupo tem mais de 1300 colaboradores espalhados por todos estes países e, em termos de azeite, movimenta aproximadamente 180 mil toneladas.
Em 2007 o Grupo adoptou a estratégia de alargar a sua actividade à produção e transformação própria de azeite. Pretende assim, entre outros objectivos, integrar todos os segmentos da fileira oleícola, desde a produção de azeitona até à comercialização do produto final, neste caso o azeite, reforçando a sua posição no mercado e valorizando a importante estrutura industrial e comercial já existente.
Dez mil hectares de olival
Este projecto, a que chamou ELAIA, tem 50% de capitais próprios e outro tanto pertença de uma sociedade espanhola de capitais de risco. Com isto o Grupo não pretende ser auto-suficiente, continuando a privilegiar as relações de parceria que ao longo dos anos vem desenvolvendo com cooperativas e produtores em nome individual a quem adquire o azeite que comercializa. Mas, garante Vasco Martins, responsável técnico da ELAIA, que nos recebeu no Lagar do Marmelo, em Ferreira do Alentejo, com produção própria de azeitona é possível alguns produtos específicos e direccionados para nichos de mercado, como é o caso dos azeites DOP (Denominação de Origem Protegida).
Os objectivos deste projecto, que vão muito para além de Ferreira do Alentejo, visam, em números redondos plantar dez mil hectares de olival, tanto em território nacional como noutros países onde se encontrarem as condições para tal. A Herdade do Marmelo pode chamar-se de ponto de partida, até porque é aí que está situada a unidade de extracção.
Assegura-nos o responsável que um projecto desta envergadura, que para os dez mil hectares significa qualquer coisa como 200 milhões de euros, só é possível porque a agricultura portuguesa, e em particular o olival, estão a sofrer uma grande transformação. Estamos a falar de olivais modernos, com novos sistemas de condução, adaptados às mais modernas tecnologias, nomeadamente no que respeita à colheita e que precisam de água, um recurso agora já disponível no Alentejo.
Para além da exploração de Ferreira do Alentejo, que conta com três mil hectares de olival, foram criados pólos noutros pontos do Alentejo, cada qual com os seus responsáveis técnicos, um em Avis e outro em Elvas – Campo Maior, totalizando mais de nove mil hectares.
Em Espanha a ELAIA tem um pólo em Don Benito que não chega a mil hectares, possuindo ainda outro pólo em Marrocos com 1300 hectares cuja exploração teve início em 2007 e que este ano inaugurou também a unidade de extracção.
Hoje, no total, trabalha com uma área superior a 11 mil hectares, dos quais perto de oito mil já estão plantados.
Perspectiva-se que dentro dos dois anos esteja a produzir 15 a 18 mil toneladas de azeite, valores ainda muito inferiores às necessidades da Sovena, se bem que não é objectivo que seja auto-suficiente.
Escolha de uma variedade é um processo
Escolher as variedades é fruto de um longo e criterioso processo que teve de ter em conta, entre outros aspectos, o facto de terem de estar bem adaptadas à tecnologia utilizada, porque não basta apenas ter a melhor variedade para fazer o melhor azeite. Em seu redor tem de estar um conjunto de factores perfeitamente encadeados.
Recorde-se que estes novos olivais são plantados de acordo com um de dois sistemas de condução: o superintensivo ou o intensivo. No caso do primeiro, alberga 1600 plantas por hectare e é conduzido à semelhança de uma vinha, ou sebe. Já o segundo, assemelha-se mais ao olival convencional, mas com uma densidade superior, na ordem das 340 plantas por hectare.
Os olivais superintensivos são colhidos já com máquinas idênticas ou mesmo as usadas para vindimar. O olival intensivo tem essa parte da colheita já mais atrasada começando agora a surgir os primeiros equipamentos mas cujo princípio será o mesmo. Estas características são condicionantes na hora de escolher as variedades que não podem ter vigores muito acentuados, caso contrário a máquina ou não entra ou parte as árvores.
Dado o grande investimento, o objectivo deste projecto é ter proveito económico e daí se escolherem variedades que entrem em produção o mais cedo possível, tenham produções regulares e sejam resistentes a doenças e pragas.
Outra preocupação óbvia são as características organolépticas dos azeites, tendo em conta o perfil do consumidor, que diverge muito consoante o país onde se encontra. Até agora a preferida tem sido a Arbequina.