Na SAOV 2010 foi ano de crescimento nas vendas

 

Para sabermos mais sobre a produção de azeite no concelho de Abrantes fomos falar com quem sabe, Alberto Serralha Gomes, gerente da empresa SAOV - Sociedade Agrícola Ouro Vegetal - que nos últimos anos tem dado cartas no sector.

 

Voz do Campo: Que balanço faz da actual campanha, nomeadamente em termos de ano agrícola, qualidade da azeitona e do azeite?

Alberto Gomes: Do ponto de vista da qualidade dos azeites obtidos, tanto a nível sensorial como químico, foi sem dúvida o nosso melhor ano de sempre. A maior parte do azeite obtido teve 0,1 de acidez, peróxidos entre três e cinco, bastante complexos e exuberantes no que diz respeito às suas propriedades organolépticas. A fruta chegou ao lagar em óptimas condições sanitárias não apresentando riscos de conservação. O ponto negativo da campanha, para além dos baixos preços, foi um baixo rendimento em azeite, cerca de 3% a menos que nas campanhas anteriores. O olival tradicional de sequeiro teve quebras produtivas superiores a 70% em relação à campanha anterior, tendo-se verificado nos olivais de regadio acréscimos de produção. Tudo isto originou que este ano o lagar da SAOV laborasse quatro mil toneladas de azeitona, menos 20% que no ano passado. Tendo em conta a quebra do olival mais marginal, foi um excelente volume de azeitona processada, dada a região onde estamos inseridos.

 

VC: Que tipo de azeite produzem?

AG: Estamos a comercializar  essencialmente virgem extra, e também certificado pela primeira vez com Denominação de Origem Protegida.

 

VC: E marcas?

AG: Temos duas marcas, “Cabeço das Nogueiras” e “Quinta do Pouchão”, sendo esta última comercializada em todas as lojas do Grupo SONAE sob o chapéu do Clube de Produtores da entidade atrás referida.

 

VC: Comercialização. Como e para onde é feita?

AG: No ano passado tivemos um grande crescimento de vendas, tanto de azeite embalado como em granel. A entrada na grande distribuição permitiu-nos chegar a mais consumidores, com oferta em todo o país. No caso do granel, a SAOV apresenta-se nesta parte do negócio como um fornecedor especializado, assumindo o fornecimento de azeites “difíceis”, seja pelas datas de entrega (Setembro, Outubro), ou pela qualidade exigida.

 

Em cada década existirá apenas um ano ou dois em que quem produz realmente ganhará dinheiro

 

VC: Quais são as grandes apostas e projectos para o futuro da empresa?

AG: Para começar queremos abraçar projectos e parcerias com outras empresas do sector, procurando ganhar dimensão e iniciar a conquista de novos mercados.  Este ano o lagar da SAOV deverá experimentar o seu primeiro aumento de capacidade de extracção.

Vai haver mais algumas novidades em preparação mas neste momento o melhor é definir 2011 como o ano de afirmação do trabalho desenvolvido até agora.

 

VC. Como vê o sector do azeite e seu futuro?

AG: Para quem está do lado da produção, este nunca foi um sector fácil, ao longo de toda a história. Algumas pessoas que entraram neste negócio recentemente apercebem-se agora disso. Existe um trabalho imenso até a azeitona ser descarregada no lagar. A produção de azeitona é uma tarefa longa e dura.  O sector tem futuro, porque não se vai parar de consumir azeite, no entanto, em cada década existirá apenas um ano ou dois em que quem produz realmente ganhará dinheiro. A história ensina-nos isso.

 

VC: Que opinião tem a SAOV sobre a realização do Encontro Ibérico do Azeite em Abrantes?

AG: É um Encontro que vai marcar pela diferença, sobretudo a nível técnico. A SAOV como membro da organização abraçou este desafio que será de grande interesse para os profissionais do sector. A temática seleccionada é actual, de grande interesse e será desenvolvida por oradores de peso. A não perder.  

 

VC: E para concluir, qual acha que será a importância deste evento para a região?

AG: A região de Abrantes teve e tem grandes tradições de comercialização e produção de azeite. O Ribatejo vai-se afirmar como uma região produtora de azeites de excelência e todo este tipo de iniciativas fará as pessoas olharem para esta parte do país de outra forma.