Uma floresta: múltiplos fins
Floresta, apicultura, castanha, micologia, caça e pesca, são algumas das actividades incluídas no plano de actividades da AguiarFloresta- Associação Florestal e Ambiental de Vila Pouca de Aguiar, que conta com mais de meio milhar de associados que podem beneficiar dos múltiplos serviços nas áreas referidas.
Numa região onde a produção de castanha é muito significativa, a AguiarFloresta não se pode alhear da cultura, bem pelo contrário, é sua intenção apoiá-la e reforçá-la. O balanço que o presidente da Associação, Duarte Marques, faz da última campanha é que o produto apresenta melhores características em relação ao ano anterior, com melhores calibres e menos bichado.
Sem qualquer papel na área comercial, a actuação da AguiarFloresta centra-se no apoio à produção, transmitindo-lhe as melhores práticas culturais para instalação e condução dos soutos, bem como medidas sanitárias de modo a obter as melhores colheitas.
Elevada taxa de mortalidade dos soutos novos e antigos
Para além do aconselhamento técnico dispõe também de equipas de sapadores florestais que fazem esses mesmos trabalhos, nomeadamente podas, enxertias, limpezas, plantações (... ). Neste rol de serviços, o mais solicitado é a preparação dos soutos para a posterior apanha da castanha.
A AguiarFloresta é também uma das promotoras do projecto Refcast (Reforço da Cultura do Castanheiro), um projecto nacional que envolve diversas entidades e organizações de apoio aos produtores, instituições de ensino e empresas, ou seja, toda a fileira. Projectado para 80 milhões de euros integra as principais regiões produtoras de castanha a nível nacional encontrando-se em fase de reestruturação uma vez que já foi apresentado ao Ministério da Agricultura para um apoio único que não foi concedido. Procura-se agora apresentar várias candidaturas através dos diferentes programas de apoio no sentido de dar lhe resposta na globalidade.
No que diz respeito à sua área de intervenção, a AguiarFloresta pretende ver aumentada a área de produção em mais de 2500 hectares, requalificar outros 500, instalar uma ou duas cozinhas tradicionais, realizar acções de formação, apetrechar melhor as equipas existentes para dominarem as doenças que continuam a afectar a cultura, entre outras iniciativas como a criação de um gabinete de apoio permanente com técnicos só para essa função.
Sobre a realidade no terreno, Duarte Marques comenta que tem havido alguma plantação de novos soutos mas também têm desaparecido muitas áreas devido a doenças, fazendo com que o balanço não seja totalmente positivo pois mesmo os novos soutos apresentam uma elevada taxa de mortalidade sobretudo devido ao cancro. “Um grave problema é que se não se atacarem rapidamente estes flagelos, brevemente haverá uma substancial redução da área de soutos e o consequente empobrecimento destas zonas rurais de montanha que não têm muitas opções rentáveis para além da castanha”, alerta o dirigente.
Investimento privado no sector florestal precisa de mais motivação
Falando sobre a floresta de uma forma mais alargada, e nas suas múltiplas funções, Duarte Marques constata uma falta aposta sobretudo porque o PRODER não é o mecanismo financeiro de que os produtores estavam à espera. Ora, a falta de investimento está a originar um ainda maior desinteresse pelo sector florestal, deixando-o mais susceptível a todo o tipo de problemas.