Agricultores do Sul reclamam respostas concretas sobre Alqueva
A ACOS – Agricultores do Sul manifesta grande preocupação relativa à indefinição do Ministério da Agricultura em relação ao término das obras de Alqueva porque já foram feitos muitos investimentos, nomeadamente novas plantações de olival e vinha, a contar com a rápida conclusão das obras de Alqueva.
“Só no perímetro de rega de Pedrógão (que aguarda a conclusão das obras) foram plantados cerca de 12 mil hectares de culturas de regadio que podem vir a ser comprometidos”, releva esta organização de agricultores. E acrescenta que “neste momento começa a ser preocupante a falta de chuva que, ao longo de cerca de dois meses, já retirou às barragens e charcas das explorações, bem como aos furos, a normal capacidade de irrigação”.
As preocupações da ACOS são corroboradas pelo anterior ministro da Agricultura, António Serrano, para quem “a indecisão do Governo sobre Alqueva representa um prejuízo enorme para toda a região Alentejo e um sinal muito negativo”.
O ex-titular da pasta da Agricultura, e deputado pelo PS à Assembleia da República, assegurou que estará “na primeira linha com os agricultores do Alentejo em defesa dos interesses da região e do País e contra qualquer adiamento relacionado com a conclusão das obras de Alqueva”.
António Serrano defende que “os agricultores da região sabem a vantagem que podem tirar da água quando o projeto estiver concluído porque já deram provas disso. Há uma expectativa enorme em toda a região. O País, no momento de crise que atravessa, não pode deixar um empreendimento destes – que é orientado para a produção – em suspenso”.
“A agricultura é fundamental para o desenvolvimento da economia nacional, é o setor primário que deve estar na primeira linha para reduzir importações, aumentar a produção nacional e as exportações”, reforça o deputado socialista. E acrescenta: “no decurso dos seis meses deste Governo, se há coisas que correram mal foram os avanços e recuos relativamente a Alqueva. Faço votos para que se criem as condições para colocar esta região a produzir ainda mais. Basta ver os exemplos que temos quer na área do olival, da vinha e do vinho, quer da uva de mesa, desenvolvidos por gente que está a trabalhar muito, que está a puxar pela nossa economia e que nós devemos apoiar”.
O ex-ministro da Agricultura lembra que, dos cerca de 60 mil hectares de terreno abrangidos pelas obras concluídas até meados de 2011 para irrigação, a taxa de utilização ronda os 40 por cento, valor que “está perfeitamente alinhada com a média nacional, tanto mais que o final de algumas obras é muito recente”.
São por isso, na ótica de António Serrano, graves as dúvidas lançadas pelo Ministério da Agricultura, tanto piores quanto lançadas sobre a capacidade dos agricultores alentejanos poderem tirar partido desse investimento. Em declarações ao programa radiofónico “Agricultores do Sul”, da responsabilidade da ACOS, o deputado aludia às declarações da ministra Assunção Cristas de que era preciso trazer agricultores de outras regiões, nomeadamente do Ribatejo, para tirarem partido de Alqueva. Este argumento “não é correto, nem do ponto de vista ético, nem político. É um erro gravíssimo”.
“Quando se faz campanha política a dizer que a agricultura é importante para reduzir as importações e aumentar as exportações, essa bandeira política eleitoral tem de ser traduzida em atos concretos quando se está no poder. É isso que se espera na hora da verdade. O Governo deve comprometer-se com um prazo e deixar de adiar a questão. Este é um projeto que pode ajudar Portugal a sair da crise”, concluiu António Serrano, em declarações subscritas pela ACOS – Agricultores do Sul.