3.º Encontro Nacional da Orizicultura Portuguesa

Produção, indústria e distribuição marcam presença

A Associação de Orizicultores de Portugal, no seu atual mandato, resolveu procurar as melhores formas de se encontrar com os produtores, de uma forma mais descontraída e aberta, mas sem perder a oportunidade de discutir o setor em si. Depois das outras duas regiões produtoras de Arroz (Vale do Tejo e Vale do Sado) em 2012 é a vez do Vale do Mondego receber o  3.º Encontro Nacional de Orizicultura Portuguesa marcado para a Figueira da Foz, no dia 16 de fevereiro. Para além dos produtores serão convidadas diversas entidades oficiais e à semelhança do que tem acontecido nas edições anteriores, espera-se também a presença da Ministra e do Secretário de Estado da Agricultura.

A organização (AOP) procurou trazer para a discussão um parceiro que até agora tem estado ausente, a grande distribuição (através da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição - APED), dado o peso cada vez maior que assume no processo do negócio, nomeadamente através das designadas marcas brancas.

Outro ponto de destaque é “uma nuvem negra que paira sobre o setor”, em Portugal e na Europa, relativa à proposta de Reforma da PAC após 2013. Essa Reforma, “se for aplicada como está proposta, é muito preocupante e pode pôr em risco a continuidade do setor, à semelhança do que aconteceu com outras culturas como a beterraba ou o tabaco”, admite o presidente da AOP, João Reis Mendes. Para abordar este tema foi convidado o professor Francisco Avillez (Instituto Superior de Agronomia). Foi igualmente chamado a participar um especialista espanhol da Federação Arrozeira de Sevilha para fazer uma apresentação sobre o setor em Espanha, que é muito similar ao português.

Uma última intervenção estará reservada à indústria que vai abordar um aspeto considerado o terceiro enfoque deste Encontro: a constituição de uma Organização Interprofissional para a fileira. Está tudo encaminhado para que esta entidade venha a ser constituída ainda antes do Encontro. Do lado da indústria vai envolver a ANIA (Associação dos Industriais do Arroz)  e do lado da produção a AOP e a APOR (Associação Portuguesa de Orizicultores). Também vai ser convidada para fazer parte da interprofissional a grande distribuição, consumidores, eventualmente até representantes do ambiente.

 

Interprofissional une todas as forças da fileira num projeto comum

Este processo dura já há alguns anos, durante os quais têm vindo a ser superados obstáculos. O objetivo principal é defender o arroz português, praticamente o mesmo que a defesa do arroz carolino. Desta forma será muito mais fácil fazer campanhas de produção lado a lado com a indústria, mas também de investigação na área de desenvolvimento de variedades portuguesas. O projeto já foi apresentado ao Secretário de Estado da tutela que se manifestou bastante satisfeito uma vez que se enquadra quer no âmbito da política europeia quer no âmbito da política do atual governo, que é desenvolver e fortalecer as atividades de fileira porque individualmente será impossível obter os resultados desejados.

 

Somos os maiores consumidores

O arroz carolino português é identificado com variedades do Tipo Longo A, isto é arrozes com um teor de amilose que permite fazer a absorção dos sabores dos alimentos, com um papel culinário muito diferente do arroz agulha que “é mais um acompanhamento do que um prato principal”. O carolino só é produzido em Portugal e praticamente também só  é consumido cá, sendo nós os maiores consumidores europeus de arroz per capita (16 quilos / pessoa / ano). Mesmo assim ainda temos de importar arroz, por isso se pudesse haver mais área para fazer arroz, melhor seria. Tem havido transferência de área de outras culturas para o arroz (dentro das três bacias hidrográficas) e, ou é um processo que continua se as condições de mercado se mantiverem (reforma da PAC), ou vai ser interrompido se as “novidades” forem penalizadoras.

 

Faz mais sentido uma IGP quase nacional para o arroz carolino

Sobre a diferença entre o arroz carolino produzido em cada uma das três regiões, Reis Mendes admite ser uma questão sensível já que existe um arroz com Indicação Geográfica Protegida já reconhecida, que é o Arroz Carolino da Lezíria Ribatejana e quer o Mondego quer o Sado têm os seus processos de reconhecimento em curso. Não são processos fáceis visto que encerram dossiers com cadernos de encargos muito rigorosos e complexos. Em seu entender, a principal ideia deverá centrar-se não nas IGP regionais mas na ideia de uma IGP quase nacional para o arroz carolino.

Ainda sobre a AOP, Reis Mendes admite que a dinâmica agora implantada em muito se deve ao apoio dos Agrupamentos de Produtores: Orivárzea, Aparroz, Benagro, Cadova, Cooperativa de Montemor, Cooperativa de Soure e Terramilho.  São o suporte da Associação e os veículos de transmissão da informação diretamente para os agricultores, o que lhe permitiu melhorar o funcionamento.

 

2011 não foi uma boa campanha

O setor, sempre muito dependente das condições de mercado, em 2011 não teve uma campanha muito favorável sob vários pontos de vista. Em primeiro lugar o custo de produção foi mais elevado, com os adubos a aumentarem 30% e os combustíveis 25%. A campanha agrícola também não correu tão bem quanto o desejado, determinando quebras na produção e na qualidade.

Por outro lado, as circunstâncias económicas que atravessamos em Portugal e na Europa fazem uma certa pressão no sentido dos preços dos produtos básicos alimentares não subirem. Ainda assim, “dentro de Portugal há possibilidade de estabilizar os preços e dar tranquilidade tanto aos produtores como à indústria e à distribuição”.

 

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