Solos continuamente monitorizados para uma séria gestão da água
Reconhecendo a necessidade de bem utilizar a água na rega, desde 2003 que a Associação tem um corpo técnico capaz de aconselhar os agricultores nesta matéria. Mais tarde capacitou-se igualmente para dar assistência em termos de fertilização, dado serem duas áreas intimamente ligadas uma vez que a água é o melhor veículo para transporte de nutrientes até à planta.
Com as técnicas culturais utilizadas, especialmente nas hortícolas, nas horto-industriais e no milho e com a fertirrigação a ganhar avanço em relação às adubações tradicionais, é possível conjugar os dois factores e optimizar os custos, não só em termos de produção como em termos ambientais. Desta forma a planta aproveita tudo o que lhe é veiculado, sem haver “desperdício”, reconhece o director executivo da Associação, Joaquim Madaleno.
Mas, o próprio serviço de gestão da rega teve uma evolução muito significativa, sendo agora possível monitorizar a evolução da reserva de água no solo, na zona explorada pelas raízes, através da monitorização contínua do teor de humidade no solo. Esta monitorização é realizada por uma estação com duas sondas que permitem desta forma, despistar problemas de falta de uniformidade na rega ou entupimentos, entre outros.
Neste serviço os técnicos procedem ainda a uma visita semanal às parcelas, emitindo um relatório com informação sobre as previsões meteorológicas para os sete dias seguintes, as observações verificadas no campo, as leituras obtidas na monitorização contínua e ainda a recomendação sobre a dotação de rega a aplicar nos sete dias seguintes.
Regista a boa aceitação dos agricultores em relação a este programa de gestão da água para rega, sendo actualmente acompanhados cerca de 3500 hectares de culturas, inclusivamente fora ao perímetro de rega, com muitas solicitações por parte da horticultura, bem como da vinha, prevendo-se um crescimento significativo em ambas as áreas.
O rigor da agricultura na Lezíria
De futuro, as grandes prioridades da Associação, passam por conseguir acompanhar o crescimento dos agricultores que, contra todas as adversidades, vão conseguindo converter as suas explorações deixando o sequeiro e adoptando o regadio, bem como substituindo a pecuária pelo arroz.
Especialista em culturas de Primavera-Verão, na Lezíria Grande vilafranquense as culturas de Outono - Inverno são um risco devido à probabilidade de chuvadas que as podem destruir. Todavia, ainda se regista uma produção significativa de azevém para forragem, ervilha e brócolo. As culturas de sequeiro acabam por fazer sentido porque com elas se combatem infestantes, fungos e bactérias, havendo quem, mesmo perdendo dinheiro, faça trigo ou cevada, para ter uma boa rotação dos solos.
Acredita-se que o crescimento vai continuar mas para manter o actual ritmo terá de haver também uma maior capacidade de adução e transporte de água dentro da Lezíria.
Uma grande dificuldade deste perímetro de rega, como já foi referido, é a captação de água a partir dos rios, que impossibilita a noção exacta da quantidade de água disponível. O crescimento da área de arroz agudizou este problema, sendo uma cultura muito exigente quanto ao volume água necessário, não tanto a nível do seu consumo mas da necessidade de recirculação da mesma.
Os diferentes planos de água criados dentro da Lezíria, especialmente com recursos a comportas, é muito vantajoso, pois desta forma consegue-se que essa mesma água seja reaproveitada por vários agricultores. Tudo isto só é possível dado o investimento que a Associação tem feito nos últimos anos, reabilitando todas as comportas, inclusive as viradas aos rios.