AgroCamPrest entra no mundo dos hortícolas frescos

 O ano agrícola 2010 terá sido o mais complicado das últimas duas décadas, ao longo das quais Luís Alenquer assume um cargo de liderança na AgroCamPrest – Cooperativa sedeada em Arruda dos Vinhos. Recorda que o primeiro trimestre, referente às culturas de Inverno, correu muito mal, registando-se uma recuperação nas culturas de Primavera – Verão, e até com leves crescimentos no caso do tomate, do pimento e da curgete. Agora há fortes expectativas em relação à próxima campanha perspectivando-se que todas as culturas com as quais a Cooperativa trabalha prosperem, não só a nível de campo como dos próprios preços que em 2010 foram inferiores ao expectável.

Os hortícolas representam um vector onde a AgroCamPrest quer apostar cada vez mais, não só nos contratados com as indústrias, como também os destinados ao consumo em fresco. Este crescimento está dependente do que vier a passar-se em Espanha e Itália que, se reduzirem as suas produções, pode dar azo ao aumento das áreas bem como dos preços. Luís Alenquer reconhece que o nosso país tem excelentes condições para a produção de tomate que não devem ser desperdiçadas. “Chegamos a ter 130 toneladas por hectare e com excelente qualidade, valor apenas igualado na região da Califórnia”. Para isso contribuem as condições edafoclimáticas, mas também os agricultores do tomate que muito evoluíram ao longo dos anos e hoje fazem a cultura muito bem feita.

Na vertente de hortícolas frescos para já a AgroCamPrest ainda tem pouca experiência mas vai tentar incrementá-los progressivamente, tendo em agenda desenvolver contactos com agentes comerciais já em 2011. Este é um caminho a percorrer no futuro, embora mais difícil do que no caso dos horto-industriais que acontecem mediante o estabelecimento de contratos, logo com menos riscos. Todavia, trabalhar nesta actividade é sempre arriscado, não só por estar dependente das condições climatéricas mas porque nos últimos anos pelo menos tem havido grandes oscilações de preços, principalmente nos cereais. O desejável seria não haver especulação no sector alimentar e todos os agentes da cadeia conseguirem ter as suas margens.

Nos mercados de frescos é sempre mais difícil haver contratos e preços certos, mas também não é isso que impede a AgroCamPrest de enveredar por esta opção, embora como complemento da componente principal que será sempre a indústria.

Neste caso a relação entre produção e indústria é bastante boa, trabalhando-se em estreita parceria até porque quanto mais ambas as partes estiverem do mesmo lado melhor serão os produtos e mais fácil será a venda dos mesmos.

Testes, ensaios, procura de novas variedades fazem parte da estratégia para obter o melhor produto final, por isso mesmo, o relacionamento com as empresas de sementes, de fitofármacos, etc., aprofunda-se cada vez mais e para Luís Alenquer, o único e grande problema que se coloca neste momento é a conjuntura mundial.

Quando falamos em hortícolas no âmbito da AgroCamPrest referimo-nos ao tomate, pimento, curgete (provoca necessidades de grandes quantidades de mão-de-obra momentânea), brócolo e ervilha (desejável que houvesse maiores necessidades de consumo para poder aumentar-se a produção).

Formação vocaciona-se para as energias renováveis  

Os projectos da AgroCamPrest para 2011 passam por dar continuidade ao estabelecimento de parcerias com outras entidades, principalmente cooperativas, no sentido de conseguir-se crescer em conjunto, ganhar-se dimensão e ao mesmo tempo reduzir custos. Tem havido evolução neste sentido, com algum trabalho já feito em matéria de factores de produção.

Estuda-se a hipótese de uma parceria mais alargada, com mais cooperativas e agrupamentos de produtores, no caso dos cereais e dos hortícolas, mas são estratégias ainda em fase de estudo.

Além disso há outras áreas para reforçar, por exemplo no caso da sementeira directa, actualizar os equipamentos existentes. No caso da formação profissional a Cooperativa não tem deixado de fazer cursos agrícolas e nos últimos dois anos realizou duas formações sob o tema das novas energias, nomeadamente energias renováveis: Energia Solar Térmica. Pensa no futuro vir a fazer cursos também de energia solar para micro-produção e aerogeradores. São normalmente formações que conferem equivalência ao 12.º ano e aptidão profissional nas áreas correspondentes.

É de referir que têm crescido as parcerias na área da produção agrícola, ou seja quem tenha terrenos mas que por qualquer razão não os possam explorar a AgroCamPrest propõe-se fazê-lo, principalmente nos regadios, mas abertos a outras opções.

 

Microprodução de energia gera expectativa

As empresas ligadas à AgroCamPrest, RuralPrest e PrestEnergia, têm mantido as suas actividades, esperando-se que agora a microprodução de energia venha a trazer nova dinâmica uma vez que a legislação já foi aprovada, faltando apenas abrirem as candidaturas. Espera-se que estas se tornem regulares e que as próprias empresas possam também ter um funcionamento normal já que até agora tem sido uma actividade inconstante.

 

Nova PAC conseguirá estimular a produção?

A percentagem de novos agricultores ligados à AgroCamPrest tem sido muito reduzida, apesar de todos anos, registarmos novas inscrições de sócios, contudo, a realidade agrícola actual é que muitos agricultores abandonaram as suas explorações, ou fizeram parcerias de exploração ou até interromperam a actividade, numa expectativa de ver o que irá acontecer de futuro com a nova PAC e sobre a qual continua a pairar uma grande indefinição. “A nossa perspectiva é que a nova PAC, venha a estimular a produção, com apoios para quem realmente produza até porque o sector agrícola é um dos que mais pode ajudar no combate ao défice, ou seja, quanto mais produzirmos em Portugal, menor serão as nossas necessidades de Importação”, adverte e conclui Luís Alenquer.